FILOSOFIA - Da Escola Jônica a Aristóteles


Escola Jônica

A Escola Jônica é a primeira do período naturalista, preocupando-se os seus componentes com achar a substância única, a causa, o princípio do mundo natural, vário, múltiplo e mutável. Seus pensadores são Tales de Mileto, Anaximandro de Mileto, Anaxímenes de Mileto e Heráclito de Éfeso.

Tales de Mileto – primeiro filósofo, primeiro a deixar de lado o pensamento mítico para formular um pensamento baseado na razão (Logos). Acreditava que tudo se originava da água: quando denso se transformaria em terra, quando aquecida se tornaria vapor e após resfriar retornaria ao estado líquido, garantindo a continuidade do ciclo.

Anaximandro de Mileto – a origem de todas as coisas não seria os elementos ar, água, terra e fogo e sim o Ápeiron, que seria a origem de toda matéria (arché). Etimologicamente significava a junção de “a” com “pêra” (borda, limite) que quer dizer sem limites. Tem duas características principais: infinito e indeterminado. Infinito por ser fonte de energia para que o mundo não cesse a geração e o declínio. E indeterminado por não ser nenhum dos elementos (água, ar, terra e fogo).

Tinha ainda como idéia o Cosmos, traduzido por mundo e por natureza, sendo criado pelo Ápeiron, sendo que o fim do Cosmos tem que dar origem a outros mundos. Tem ainda o significado de algo ordenado, em que há ordem.

Anaxímenes de Mileto – sua filosofia é como uma síntese de Tales e Anaximandro, aceitando um único elemento como originador de todas as coisas (o ar), mas tão infinito quanto o Ápeiron de Anaximandro, apesar de determinado. Para ele o ar é infinito e envolve todo o Cosmos.

Heráclito de Éfeso – adota o logos como princípio cósmico, é chamado de obscuro por ser confuso, considera que o bem e o mal são necessários ao todo e que Deus se manifesta na natureza, abrangendo o todo e sendo crivado de opostos. O princípio de todas é o fogo e o que temos diante de nós em dado momento é diferente do que foi há pouco e do que será depois.

Doutrina do Panta Rhei = tudo escorre, tudo se move, nada é imóvel ou fixo, tudo está em constante mudança e alteração. Um homem jamais se banhará duas vezes no mesmo rio, porque na segunda vez nem o rio, nem o homem serão os mesmos.

Harmonia dos contrários = Uma coisa que está fria tende a se aquecer, as quentes tendem a esfriar, o úmido tende a secar, o jovem envelhece, o vivo morre e o morto tende a renascer.


Pitagóricos

Arché é o princípio, origem de todas as coisas.

O princípio para os pitagóricos são os números. “Os números são o princípio, a fonte e a raiz de todas as coisas”.
Tanto o físico quanto o abstrato são explicados pelo número.
A harmonia encontrada na música é como a ordem encontrada no Cosmos.
Tudo que pode ser compreendido é número. O número é Deus.
Os números eram iguais à matéria. O número 1 era um ponto; o número 2 era uma reta; o número 3 era uma superfície e o número 4 era uma figura geométrica. 1, 2, 3 e 4 construíam e geravam tudo, sendo que a soma deles, o número 10, era perfeito.
Eles chamavam o número ímpar de limitado e perfeito e o número par de ilimitado e menos perfeito.


Eleatas 
   
Defendiam a unicidade estática de tudo o que existe, um Uno eterno e imutável. Imutabilidade do ser, quando explicam que “só o ser é não pode não ser”.

Se para Heráclito tudo flui, para os Eleatas tudo permanece.

Parmênides – é a grande referência da Escola Eleática, pois seus pensamentos são continuados por seus discípulos. Ele propôs que tudo o que existe é eterno, imutável, indestrutível, indivisível e, portanto, imóvel. O ser não tem começo e nem fim, sendo eterno.

Zenão – criou cerca de 40 paradoxos contra a multiplicidade, a divisibilidade e o movimento. O mais conhecido é o paradoxo “Aquiles e a tartaruga”. Mesmo sendo um rápido corredor Aquiles jamais alcançará a tartaruga já que ela terá sempre percorrido um espaço á sua frente.

Melisso de Samos – acreditava que o ser não pode ter forma, não é composto de partes e se apresenta infinito no espaço e no tempo, sendo sempre idêntico a si mesmo. Se o ser tivesse uma forma ele teria que ser limitado, pois a forma tem limites e o ser não pode ter limites.

Físicos Pluralistas e Físicos Ecléticos

Empédocles – seguia a linha de pensamento dos Eleatas quando coloca que é impossível a existência do “nascer” como uma transição do não ser para ser, e o “morrer” como uma passagem do ser para o não ser.

Entretanto sua saída como explicação é diferente, pois o que chamamos de nascimento e morte vai ser explicado por ele como a mistura e a dissolução dos elementos ar, água, terra e fogo, que ele chama de as “raízes de todas as coisas”.

Além disso, Empédocles acredita que o misturar e dissolver desses elementos se determina pela interferência das forças cósmicas do Amor (ou amizade) e do Ódio (ou da discórdia). A primeira atrai e a segunda dissolve.

Nesse panorama a formação do Caos depende tanto do ódio quanto do amor.

Anaxágoras – fala que o nascimento e a morte dependem da agregação ou desagregação das “sementes” (homeomerias) que são movidas por uma inteligência cósmica (nous).

Leucipo e Demócrito – trazem um grande benefício para a filosofia e a ciência com a descoberta do átomo. O ser é pleno e o não ser é vazio. Para eles o ser não nasce não morre e não entra no devir (via a ser), mas aderem à realidade sensível, isto é, os átomos.

Diógenes e Arquelau – físicos ecléticos, criticam os pluralistas e retornam ao monismo (unitarismo de Tales de Mileto). Combinam as teses de Anaxímenes com a de Diógenes, afirmando que o princípio de todas as coisas é o ar-inteligência.


Os sofistas

A sofística era a forma de ensinar dos sofistas e suas idéias fundamentais se baseavam no Humanismo e Relativismo.
A proposta humanística tinha o homem como a medida de todas as coisas (Protágoras) enquanto o Relativismo em si só explicava que não há verdade absoluta. Os sofistas exploravam isso realçando a existência de argumentos pró e contra para cada coisa. Nas aulas que cobravam para dar, trabalhavam a habilidade de convencer através da retórica e da dialética. Entre seus pensadores também se destacou Pródico que defendia a ideia da sinonímia, que buscava o verdadeiro significado das coisas.

De um modo geral os sofistas rompem com a ideia de explicar o universo e se voltam para o homem.

Sócrates

Entre os diversos aspectos da filosofia de Sócrates pode-se destacar a sua ideia de que “Existe apenas um bem, o saber, e apenas um mal, a ignorância”. A obra de Sócrates não é uma cosmologia e sim um estudo do homem. Era uma obra sobre a moral de cada um e o que era preciso saber para ser sábio.

Em sua defesa no tribunal de Atenas, Sócrates pede silêncio da platéia em dois momentos em que há murmúrios. O que Sócrates disse nesses momentos está intimamente ligado à filosofia de Sócrates.

Um dos momentos é quando Sócrates revela ouvir a voz de um Daimonion que diz a Sócrates o que ele não deve fazer, conduzindo assim suas ações.

No outro momento, Sócrates conta de quando recebeu a informação de que para o oráculo de Delfos ele era o homem mais sábio de Atenas. Na interpretação do filósofo – que já considerava que nada sabia – sua missão era descobrir porque ele era considerado o maior sábio.

Sócrates então começa a questionar os sábios sobre diversas definições e descobre que esses homens não sabem definir o que dizem saber. Diante disso Sócrates conclui que é, de fato, mais sábio que os demais homens porque ele ao menos tinha consciência de que nada sabia.

Essa confissão de ignorância de Sócrates – que ao mesmo tempo lhe dá a condição de sábio, por saber que nada sabe – é o ponto central da filosofia de Sócrates. E o método pelo qual ele chegou a essa conclusão é o elencus, o método da refutação.

Pensamento de Sócrates

O homem é a alma, a alma é a psyche, a psyche são as virtudes e as virtudes são o conhecimento. Para ser feliz o homem só precisa do conhecimento e se desprender dos bens materiais chegando mais próximo de Deus e da liberdade.

Platão

Na República de Platão se um homem tivesse apetite e sua virtude fosse a temperança seria trabalhador. Para a alma com coragem e valor seria guardião. E para a alma com razão e sabedoria seria governante e filósofo, estágio máximo que o cidadão só atingiria depois de muitos anos de estudos.

Os casamentos seriam coletivos, sem casais fixos, apenas para reprodução. E as crianças, filhos da comunidade, criados pelo Estado. As mulheres não sofreriam discriminação, nem haveria qualquer diferença entre os sexos, inclusive para o serviço militar. O interesse maior seria sempre o da comunidade.

Já a teoria das ideias ou teoria das formas de Platão é apresentada através de uma alegoria ou mito no diálogo “A República”. O famoso mito da caverna é uma metáfora sobre a ilusão do mundo sensível, isto é, aquele aprendido pelos sentidos em contraposição ao mundo inteligível, aprendido pelo intelecto.

Imagina homens numa morada subterrânea, em forma de caverna, com uma entrada aberta à luz, desde a infância, de pernas e pescoços acorrentados. Não podem mexer-se nem ver senão o que está adiante deles. A luz chega-lhes de uma fogueira acesa numa colina por detrás deles.

Entre o fogo e os prisioneiros passa uma estrada e um pequeno muro, por onde homens transportam objetos de toda a espécie. Os da caverna tomam as sombras por objetos e pessoas reais, atribuindo realidade às sombras.

Platão conta ainda que certo dia um desses prisioneiros foge da caverna, quase cegando com o Sol lá fora. Aos poucos, porém, ele se acostuma e acaba extasiado com a verdadeira forma das coisas, das quais antes só enxergava as sombras.

No final o fugitivo volta à caverna para contar sua descoberta aos outros. Mas ninguém lhe dá crédito.

Para Platão, o mundo que nos cerca é a caverna. A luz do fogo que ilumina e projeta sombras é a ilusão propiciada pelos sentidos. O prisioneiro fugitivo é o filósofo. E a subida à região superior é a ascensão da alma ao mundo inteligível, ao Sol do conhecimento.

Platão acredita que tudo o que existe no mundo sensível, de pessoas a animais, de conceitos abstratos – como, por exemplo, o bom e o belo à vagalumes – tudo mesmo existe antes em um mundo inteligível, ideal, onde fica sua ideia perfeita correspondente.

Para ele, o mundo dos sentidos é uma imitação imperfeita, ou uma simulação, mutável e efêmero do mundo das ideias.

O mundo das ideias que é onde a alma já andou antes de fazer parte do corpo. Esse sim é perfeito, imutável, eterno e universal.

Assim, a ideia de cavalo, por exemplo, é perfeita e nunca muda seja qual for a raça do cavalo.

Aristóteles

Aristóteles foi discípulo de Platão. Ao contrário do mestre, para ele a ideia não possui existência separada. Só são reais os indivíduos concretos. Só podemos conhecer o mundo através dos nossos sentidos. Aristóteles também criou uma escola própria (Liceu).

Cada ser é diferente e possui uma substância própria. As coisas tendem a mudar, a se transformar. Essa alteração nos leva ao conceito de Potência e Ato, sendo que a Potência é a possibilidade de realizar algo. E o Ato é a própria realização da Potência.

Na Política podemos destacar sua célebre frase: “O homem é um animal político”, sendo que político é o participante da Pólis. Afinal o homem não conseguiria viver só. A Polis é a melhor organização social e deve ser regida por princípios justos que visem o bem estar comum.

Assim, entendemos a ética como a ciência que trata do caráter e da conduta dos indivíduos e da política, vista como Estado que rege a existência dos homens vivendo em comunidade.

Aristóteles deu importância especial à lógica, que é necessária para a busca da verdade. A lógica analisa o modo com que o pensamento é estruturado. Assim surge o silogismo, ou seja, forma adequada da estrutura lógica do pensamento. Encadeamento de duas premissas, sendo que uma é geral e a outra particular. E essas nos levam a uma conclusão particular.

Um exemplo simples de raciocínio lógico explicado pelas escolas seria:

Premissa Geral:
Todos os homens são mortais

Premissa Particular:
Sócrates é homem

Conclusão particular:
Sócrates é mortal

Aristóteles entende que há duas formas de poder: formas puras de governo e formas impuras de governo.

Formas puras de governo: monarquia, aristocracia e democracia
Formas impuras (ou corrompidas) de governo: tirania, oligarquia e demagogia.

Metafísica – Chamada de Filosofia Primeira ou Teologia por Aristóteles.
Segundo Aristóteles nenhuma ciência é mais importante que a metafísica, pois se preocupa em ir além da experiência e conter as necessidades espirituais

Teoria das 4 causas – Aristóteles apresenta a metafísica em primeiro lugar como a busca das causas primeiras. Aristóteles as definiu da seguinte maneira:

1 - Causa Formal
(forma ou essência = vaso de argila = alma) 
2 - Causa Material:
(matéria = argila = corpo ou carne e osso)
3 - Causa Eficiente:
(motriz = mãos que trabalham a argila = o pai que gerou)
4 - Causa Final:
(finalidade = utilidade do vaso = objetivo para o qual tende o homem)

Ética – Aristóteles é o criador da disciplina. Ela leva em consideração o bem humano e tem 2 fatores: natureza humana e ocasião (conjunto de situações).

Importante: diferença entre Política e Ética:
Política = bem coletivo
Ética = bem pessoal (se dá na relação com o outro)

Política – Para Aristóteles ela é a ciência mais suprema. Investiga a melhor forma de governo e as instituições responsáveis de causar felicidade ao povo.

Aristóteles é o primeiro a sistematizar as coisas públicas. Para ele o Estado é a expressão mais feliz da comunidade. “O homem é um animal social e político por natureza”. O Estado é uma necessidade humana.

Aristóteles aceita a escravidão e diz que os escravos não podem se dominar e precisam ser governados.

Para Aristóteles felicidade é usar a razão com propriedade. Felicidade é agir constantemente e bem, buscando a excelência de cada ato.

Aristóteles e Platão

Aristóteles é realista
Platão é idealista

Ato Puro – É o primeiro motor imóvel movente.